Literatura

CONVERSANDO COM A ASSOMBRAÇÃO


Restaram poucos peões na fazenda do avô do Limírio. Foram saindo, saindo... Tudo por causa das assombrações que frequentavam aquela localidade.
            Não se conseguia mais contratar novo tirador de leite nem trabalhador na roça, para preencher o lugar de quem ia embora.
            Casa grande, toda assoalhada, com numerosos quartos para os trabalhadores e uma cozinha do tamanho de um apartamento. A bica d’água ficava a dois metros da casa. Na área coberta havia apenas uma mesa descanhotada, daquelas bem chiadeiras, com quatro cadeiras velhas. Na parte de cima, o curral, seguro e bem acabado, onde a assombração costumava aparecer motrecada na tábua superior e pitando sossegadamente.
            Enquanto o avô de Limírio estava por perto, a tal assombração não se mostrava. Parece que tinha medo dele. Mas era virar as costas e o danado do trem vinha atentar outra vez.
Um dia o fazendeiro deu folga a todo o mundo e ficou sozinho na fazenda, a fim de conversar com a tal assombração. Esperou anoitecer direito e sentou-se à mesa descanhotada da área, pôs fogo no cigarro e apagou a lamparina, e chamou o sujeito no pecado, educadamente:
— Olha, não sei quem é você. Nem sei se você é gente. Só sei que nós precisamos entrar num acordo, porque com essas atitudes você está espantando os meus empregados. Hoje estou aqui pra resolver essa situação. Pode pedir o que você quiser. Se estiver ao meu alcance eu vou providenciar.
Esperou alguns momentos, em silêncio. Como ninguém se manifestou, o velho continuou:
— Seja homem, senta aqui e vamos conversar!
Nada! O avô de Limírio falava sozinho, naquela escuridão de dar arrepios.
Mas não foi nada não. Na outra extremidade da mesa a cadeira fez “Nheeeco!”. Quase espatifou-se com o peso daquela coisa. Porém não se via nada. Em seguida a mesa também: “Nheeeco!”. Decerto era o peso dos cotovelos daquele ser extramundo.
O desafiante repetia incessantemente quase as mesmas palavras:
— Pode falar agora. O que é que te atormenta e te atrapalha a ir embora deste mundo? Pode falar. Se estiver ao meu alcance eu vou fazer. Mas não apareça mais aqui. Nunca mais.
A alma penada gungunava alguma coisa que não dava para entender. E o velho insistia. Vários minutos naquela peleja. Quando se certificou de que era impossível entender o que o outro lado queria propor, adiantou-se:
— Uma missa! É de uma missa que você precisa?
Nessa hora a alma soltou uma voz rouca, que mal dava para entender o que queria:
— ÉÉÉ... SIMMM!
E desapareceu. A missa foi celebrada, e a assombração nunca mais apareceu naquela fazenda.
(Do livro A ONÇA QUE VOA, de nossa autoria, que será lançado em breve)

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O MIADO DO GATO



Casa grande, mal assombrada. Todo mundo sabia das atrocidades que a assombração aprontava ali. Sem mais nem menos pedra cantava para todos os cantos. Não tinha quem não comprasse medo.
Certa noite, o filho da proprietária convidou um amigo para pernoitar ali, só os dois, a fim de enfrentarem a tal coisa. Desaforo! Quem que falou que assombração existe? Povo medroso!
Já era noite quando adentraram a casa. Pé ante pé, os destemidos parceiros de infortúnio entenderam que a primeira coisa a fazer seria tomar conhecimento do ambiente, com o intuito de assenhorarem-se da situação. Medo eles não tinham. Ou pelo menos diziam que não tinham.
E assim percorreram todos os compartimentos: sala, varanda, quartos, constatando que tudo se achava na mais perfeita ordem. Nenhuma pedra caída e nenhum sinal do trem feio. Foram então para a cozinha.
Acender o fogo da fornalha era providência natural (não havia eletricidade), pois além de espantar os bichos maus, o fogo servia para clarear a escuridão da noite. Assim, se a assombração aparecesse, o que era pouco provável, pois assombração não existe mesmo, eles podiam até ver sua cara, se ela a tivesse.
Não foi nada não: no que um deles acendeu um palito de fósforo, o outro, por brincadeira e para assustá-lo, meteu a mão aberta com toda força na mesa de madeira que ficava no centro da cozinha.
Nisso, arrancou-se de dentro do fogão um gato preto enorme, que dormia sossegado no quentinho da cinza, exalando um miado estridente e ensurdecedor que deixou os dois amigos com o coração na mão e totalmente desorientados.
Um queria assustar o outro e acabaram ambos assustados, correndo igual a doidos, misturados com o gato – que naquelas alturas era a assombração em pessoa –, trombando aqui e ali, e foram embora sem tempo para fechar a casa.
(Do livro A ONÇA QUE VOA, de nossa autoria, que será lançado em breve)
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O BADALAR DO SINO À MEIA-NOITE

Povo pacato, cidadezinha pacata. Todo mundo acreditava na existência de assombração.
Certa vez um fato assombroso começou a alarmar os moradores: o sino da igreja badalava triste por volta da meia-noite, num revezamento sistemático de uma noite sim, outra não.
No início os moradores não deram lá muita importância ao acontecimento, porque, anteriormente, às vezes acontecia de chegar um defunto de alguma fazenda distante, fora de hora, e o badalo tocava para avisar que no dia seguinte haveria enterro. E o caixão permanecia na calçada da igreja até o amanhecer, escoltado pelos fiéis transportadores e acompanhantes.
Só que naquele caso era diferente, porque no outro dia não se via defunto algum. Aí começaram os cochichos correndo de boca em boca.
“Isso é maldição!” – afirmavam os mais carolas.
E quase toda noite o sino repicava seguidas vezes. E o povo levantava alvoraçado de suas casas para ver o que era. Mas não havia ninguém puxando o badalo.
O fato virou mesmo mistério. E a população ficou em polvorosa. Tinha gente que quase morria de medo quando o sino começava a repicar.
Isso durou semanas e semanas, até que algumas pessoas mais espertas desconfiaram e permaneceram na espreita, acabando por descobrir o truque usado pelos garotos.
É que por detrás da igreja havia muito mato, capim jaraguá bem crescido, e de lá um ou dois dos arteiros, em constante revezamento, puxava o badalo que se achava amarrado em uma linha de nylon, numa distância de aproximadamente quarenta metros. Foi o fim da alegria da molecada.
(Do livro A Onça que Voa, de Elson G. Oliveira, que será publicado em breve)
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A VINGANÇA DO ALUNO QUE TOMOU BOMBA NA ESCOLA

Vida de menino do interior...
Vida livre da roça, perambulando pelas encostas dos morros, catando gabiroba, banhando nas águas cristalinas dos ribeirões, beirando córrego à procura de uma goiaba mais crocante, visitando uma tapera qualquer em busca da manga mais avermelhada lá das grimpas, e tantas outras peripécias que só os meninos do interior têm a oportunidade de experimentar.
A liberalidade um tanto exagerada, contudo, acaba dando vazo a que a garotada tenha a mente muito fértil para traquinagens as mais diversas.
Certa vez o professor deu bomba para um dos alunos mais encapetados da escola. O garoto ficou nervoso e inconformado, arrastando valentia para todas as bandas. Era caso que merecia vingança, uai!...
Foi aí que ele se lembrou de que o professor, após a aula, buscava leite todos os dias no sítio, ali pertinho. Então, estava arquitetado o plano. Pobre professor!
O menino esperou que ele passasse e amarrou várias vassouras-curraleiras com nó cego bem caprichado, no único trilheiro de sua travessia.
Ah!No primeiro amarrilho encontrado o professor desaforado levou um tropeção tão feio (foi porque as duas mãos estavam ocupadas com as vasilhas cheias de leite) que caiu desprezado por sobre os caldeirões, sem poder aproveitar uma gota sequer do produto.
E o aluno, escondido em local estratégico para presenciar a cena e não ser visto, sentiu-se vingado e aliviado.
“Vai me dar bomba mais, vai!”, balbuciou várias vezes seguidas.
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O MOTORISTA DA AMBULÂNCIA E A DEFUNTA
O motorista da ambulância vinha a toda velocidade, como sempre. Devia regressar logo, pois outra missão podia estar à sua espera.
No veículo, ele e a falecida, apenas. Ah, é bom dizer também que ele conduzia de volta uma defunta, que tinha ido viva, mas que morrera na capital. Separava-os uma pequena janela, que só abria de dentro para fora. Se quisesse inspecionar o comportamento da dita cuja teria de parar o carro e abrir a porta traseira do camburãozinho.
— Ah, que fome! – disse o motorista a si mesmo, como se estivesse pensando em voz alta.
Nesse instante, a tal portinha da extinta se abriu e uma voz feminina, meiga e educada, ecoou lá de dentro:
— Tem um saquinho de biscoito aqui, o senhor quer?
— Divino Padeterno, quê que é isso! – assustou-se, o motorista.
E o carro rodopiou na pista, indo de uma extremidade à outra, e o motorista, acostumado a tantas situações adversas, levou tempo para controlar o volante, parando lá bem adiante, após insuportáveis solavancos.
Passado o susto, animou-o a ideia de que a passageira não estava morta. Talvez tivesse sido vítima de um desmaio, quem sabe! Nessa crença, resolveu abrir a porta traseira e verificar de perto o estado da ex-morta.
Todavia, no que ia chegando, a porta traseira do carro foi aberta de uma vez e apareceu alguém, de repente, o que provocou nele outro choque ainda maior do que o primeiro. Nessa hora, o homem deu uma derrapada no cascalho e um grito tão feio que assustava a qualquer um que porventura estivesse passando por ali: “Minnnha Nossa Senhora!...” 
E saiu catando mamona, escorregando aqui e levantando acolá, e correu lá para longe. Nesse momento a pessoa se apresentou: “Moço, sou eu, a filha da falecida!”.
O rapaz respirou, aliviado. Foi chegando devagarinho, olhos atentos, e indagou:
— O que você está fazendo aí dentro? – indagou.
— Vim fazer companhia pra minha mãe, uai!
— Como é que eu não vi você entrando na ambulância?
— Pois é, imaginei que o senhor tinha visto. Me desculpa! 
— Tudo bem, já passou.
— Moço, ia me esquecendo, o senhor falou que estava com fome... Quer uns biscoitinhos, eu tenho aqui, tão muito gostosos?
— Não, obrigado, perdi a fome..
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NA FAZENDA DO MEU AVÔ

Dos fatos da meninice mais distante (até os seis anos de idade), ocorridos na fazenda do meu avô, à margem do Ribeirão Passa Quatro, sempre trouxe na lembrança a disposição da casa, o curral de aroeira fincada, o paiol abarrotado de milho (eu ajudava a enchê-lo, jogando espigas de maneira desordenada, que caíam fora do paiol, provocando risos a todos) e duas moitas de bananeiras: uma de banana maçã, outra de umas bananas de fritar, enormes, que todos chamavam de farta-velhaca.
Essas bananeiras, além de produzirem alimento saboroso e nutritivo, serviam ainda para proteger os moradores da casa na hora de atender as exigências do intestino. Sanitário sem descarga. Costume herdado dos antepassados.
À tardinha, íamos os três: papai, mamãe e eu (sou o primogênito de uma renca de oito filhos) para o poço do rebojo, numa distância de uns duzentos metros da casa, para ver o chefe da família fisgar pirapitingas e tubaranas, no anzol.
Não era toda tarde que isso acontecia, era principalmente em tempo de tanajura, ali no começo das chuvas, pois que se tratava da isca mais apreciada pelos peixes. Pescaria segura. Certeza de uma boa fritura na próxima refeição. Mamãe morria de medo de eu engasgar com os espinhos, que eu era muito pequeno, não sabia me defender. Retirava um por um os espinhos e colocava o pedaço de peixe frito direto na minha boca. E ficava vigiando, de medo de eu tossir. Uma vez comecei a engasgar, e ela, atenta, enfiou o dedo na minha goela e arrastou para fora da boca o danado do espinho.
Lembro-me também de ter presenciado meu pai, por diversas vezes, colocando a canga nos bois de carro, logo cedo, preparando-se para o ofício de carreiro, que ele desenvolvia com competência. Enfrentava chuva e sol, frio e calor, para servir um vizinho ou outro, atividade que ele exercia com muito gosto. Carreiro aplicado. Tomé, um preto velho, peão já rançoso lá da fazenda, era seu companheiro da lida diária.
Lá no Mato Grande nasceu Ana Maria. Antes dela viera Dilson, que faleceu novinho, de crupe. Dele não tenho nenhuma lembrança, eu era muito novo. 
            Depois a fazenda foi vendida, e a família teve de se mudar para outra que meu avô comprara com o dinheiro da venda daquela, ali perto, no Guerobal.
Do Guerobal ficaram poucas recordações, porque lá a família não permaneceu muito tempo. Tenho guardado na mente os passeios esporádicos, à tarde, a um grotão que ficava na frente da casa, onde meu pai desconfiava que existia ouro. Segundo ele, se isso viesse a ser confirmado, a família ia “tirar a barriga da miséria”. Era assim que ele falava.
Todos se empenhavam em ajudar a catar as pedras que pareciam mais bonitas, cada qual indagando incessantemente se aquilo era ouro, ao que meu pai respondia: “Né não, pode catar mais”. Ele tinha muita paciência com as minhas especulanças. Só bradava quando eu fazia alguma travessura. Ana Maria era criança de braço, não ajudava em nada. Só dava birra e queria ir “embora pra dentro”.
Meu pai era um homem bom. Nunca o vi desejando mal a ninguém, ou tentando passar um semelhante para trás nos negócios, ou cometendo um ato de desonestidade, ou traindo minha mãe... Não era amante das coisas erradas e não tinha inimigos. Era uma pessoa da amizade e da paz.
Como chefe de família, cumpriu fielmente a sua missão. Certamente foi essa a maior herança que nos deixou. Por isso – tenho certeza –, ele conquistou seu cantinho no paraíso. Descanse em paz!...
(Esta é uma das historinhas do livro FILHO DO INTERIOR, que vamos lançar em breve)
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O FILHO QUE CHEGA

Talvez não entendamos bem as expressões bíblicas que afirmam que Deus criou todas as coisas. É só presenciarmos o nascimento de uma criança que somos levados a perceber que Deus ainda está criando todas as coisas e que para isso se serve de nós, pobres mortais, para a concretização de sua obra criadora. Nessa concepção, somos partes integrantes e indispensáveis do processo de criação.
A origem de um novo ser é um instante sagrado, onde a onipotência de Deus se manifesta de modo claro e perceptível. Daí o afirma-se que quando o casal dá a vida a uma criança, outra coisa não está fazendo senão colaborar com o Criador na Sua obra criadora.
Mas esse empreendimento divino não termina com o nascimento do filho. Consuma-se na sua educação gradual e paulatina que não é da responsabilidade de outrem a não ser dos pais. É mesmo através dos genitores que Deus dá vida, subsistência, amor e acompanhamento ao novo ser. E é também através dos pais que essa nova pessoa aprende a conhecer a Deus Pai, discernindo o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o injusto.
Com a chegada do filho tudo muda na casa. Até o relacionamento do casal é alterado. E essa alteração deverá ser para melhor, se os pais se unem para bem receber e bem educar o descendente que chega. O filho é a alegria da casa. O filho é o fruto do amor dos pais.
Mesmo trabalhando fora de casa e tendo de deixar o filho sob os cuidados de outra pessoa, a mãe é quem deve dedicar-lhe os melhores cuidados, assim que lhe for possível, como por exemplo: banho, mamadeira, colo, tudo dentro de um clima de tranquilidade e amor. A mãe que passa muito tempo fora do lar precisa aproveitar bem os momentos que está em casa em companhia do filho para conversar com ele, para brincar, para verificar sua saúde. Os afazeres domésticos podem ficar para outras pessoas; o carinho materno é insubstituível. O mais importante é criar um filho capaz de realizar-se na plenitude humana.
Sistematicamente, tudo isso vale também para o pai. A criança ressente muito da ausência e da omissão do pai na sua formação. Ela deseja, sente a necessidade do contato direto com a figura paterna. E o pai não poderá furtar-se à sua obrigação de estar ali junto dela, tão logo possa e de acordo com um planejamento racional, até mesmo de revezamento com a esposa, se for necessário.
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FORMAÇÃO DO CARÁTER DO FILHO
A família exerce influência direta e fundamental na formação da criança. É lá que ela recebe as primeiras informações para o aprendizado da comunicação com as pessoas e com o mundo. É lá também que ela balbucia as palavras iniciais, ensaia os passinhos preliminares e aprende os primeiros gestos.
A criança não nasce educada. Criança tranquila não é a mesma coisa que criança educada. Por muito quietinha que ela seja, seu comportamento precisa ser trabalhado, precisa ser moldado, para que adquira bom caráter. Deixar o garotinho fazer o que bem entender, em nome da liberdade infantil ou da liberalidade poderá ser um expediente muito perigoso para a sua boa formação.
Educar uma criança não é somente impedi-la de fazer as coisas que nós, adultos, determinamos como erradas. Nem só castigá-la após a prática do ato tido como incorreto. O conceito é muito mais amplo. Consiste principalmente em conversar com ela, especialmente diante do fato concreto, para ensiná-la que isto ou aquilo não deve ser feito. Não é com uma, duas, três vezes apenas que a criança irá assimilar o que nós levamos anos e anos para aprender. Ela certamente reincidirá no erro. E o nosso sucesso de educador estará sempre na dependência do grau de amor que conseguirmos colocar no diálogo que estabelecermos com ela.
Da mesma forma, os primeiros conceitos e as primeiras imagens de Deus na mente da criança é a família que tem o dever de proporcionar. Para ela, muitas vezes, a presença de Deus se confunde com a figura do pai ou da mãe. A criança é muito mais prática do que teórica. Na sua concepção, Deus só é amor se o pai e a mãe forem amor para ela.
O cidadão bem formado sabe perfeitamente delimitar as fronteiras do bem e do mal. Sua consciência o acusa de imediato, quando sai da esfera dos seus direitos e penetra na do direito do outro. Mas isso não lhe foi revelado por acaso. Houve um aprendizado ao longo do tempo, desde os seus primeiros dias de vida, passando pela infância, adolescência, juventude, indo até a fase adulta, sob influência do convívio familiar.
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MONTEIRO LOBATO
O Dia de Monteiro Lobato, também conhecido como Dia Nacional do Livro Infantil, é comemorado no dia 18 de abril.
Monteiro Lobato foi um dos maiores escritores brasileiros do século, foi o precursor da literatura infantil no Brasil e criador dos livros infantis "Coleção Sítio do Pica Pau Amarelo", composta por mais de 30 obras. Por esse motivo a data do nascimento de Monteiro Lobato foi escolhida para comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil.
O escritor Monteiro Lobato ficou famoso por personagens como Dona Benta, Narizinho e Pedrinho, Tia Nastácia, a boneca irreverente Emília, o Visconde de Sabugosa, o porco Rabicó e o rinoceronte Quindim.
O Dia de Monteiro Lobato é comemorado no mesmo dia do aniversário do escritor. Ele nasceu em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882, e veio a falecer em São Paulo-SP, no dia 4 de julho de 1948.
Fora os livros infantis, escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e O Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo, no Brasil, apenas por empresas brasileiras.
FONTE: http://www.calendarr.com/brasil/dia-de-monteiro-lobato/
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OS IDEAIS QUE LEVARAM À EMANCIPAÇÃO DE SMPQ                                   
Em franco desenvolvimento e distante cerca de 50 quilômetros da sede do município, os ideais da emancipação de SMPQ encontraram campo fértil no seio da população e passaram a perseguir a mente das pessoas responsáveis pelo lugar. Mas foi na voz de um vereador ilustre, Alcides Pereira de Castro, que hoje empresta seu nome a uma das principais avenidas da cidade, que a ideia ganhou impulso maior.
            Alcides veio de Santa Cruz de Goiás e aqui fez morada e criou sua família. Foi vereador em Silvânia, representando São Miguel do Passa Quatro, por duas legislaturas: a primeira, de 1954 a 1958; a segunda, de 1962 a 1965, quando veio a falecer.
            Como vereador, criou os limites do futuro município, os quais, mais tarde, foram aproveitados no projeto de emancipação, constituindo as atuais divisas do território municipal que hoje conhecemos. Apresentou também projeto de elevação do então povoado a distrito, não tendo, infelizmente, logrado êxito, pois devido às suas ideias emancipadoras, alguns políticos da sede do município já começavam a torcer o nariz e a combater qualquer iniciativa embrionária nesse sentido.
            Porém, seu esforço não foi em vão. Pouco tempo depois de sua morte, o povoado foi elevado a Distrito de Silvânia, por força da Lei Estadual nº 7.175, de 5 de novembro de 1968.
            Outro feito que lhe é creditado é a construção do prédio do grupo escolar, que recebeu a denominação de Escola Isolada Graciano José da Silva, constituído de apenas um pavilhão, onde, mais tarde, abrigou provisoriamente a Prefeitura e a Câmara Municipal, nos primeiros dois anos da administração municipal pioneira.
A Escola Isolada Graciano José da Silva foi elevada a Colégio Estadual Adonias Lemes do Prado.
            (Do livro São Miguel do Passa Quatro – o nascimento de uma cidade, de Elson G. Oliveira)
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O PROJETO DE EMANCIPAÇÃO
            Em 1976, ingressa na política Florípio José Elias, mais conhecido por Fefé, tendo sido eleito vereador. Os ideais de emancipação já estavam bem mais amadurecidos junto ao povo. Cuidou ele então de fortalecer politicamente a povoação, pensando já no desencadeamento da luta pela independência.
E foi assim que no pleito seguinte Fefé se elegeu Vice-Prefeito de Silvânia, com a promessa de tornar SMPQ independente, apoiado pelo então Deputado Estadual João Natal. O povo acreditou no projeto e votou em peso, ao ponto de decidir a eleição em favor de Fefé e de seu candidato a Prefeito, Milton Tavares Júnior (Zuquinha).
O primeiro passo rumo à criação do município foi o trabalho junto à população, colhendo assinaturas de um mínimo legal de 160 eleitores, com vistas à formalização do processo. E em 29 de abril de 1986, o pedido foi protocolado na Assembleia Legislativa, recebendo o número protocolar 589/86, de autoria do Deputado João Natal que, frise-se, era filho de Silvânia, cidade-mãe do município que se pretendia criar. Merece registro também a participação ativa que teve o Deputado Estadual José Roriz, dando continuidade ao processo de emancipação a pedido de João Natal e de Fefé.
Em 15 de novembro de 1987, o povo foi consultado sobre a emancipação, através de Plebiscito, conforme previsto na Constituição Federal em vigor. A esmagadora maioria de 619 votos SIM, contra apenas 9 votos NÃO, deu a vitória à criação de mais uma unidade federativa.
O projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa e transformado em lei por força da sanção do Governador do Estado, Henrique Santillo, em solenidade realizada no Centro Administrativo, em Goiânia, no dia 9 de janeiro de 1988, ficando, assim, oficialmente criado o Município de São Miguel do Passa Quatro, através da Lei nº 10.432.
            No episódio da caminhada para a formalização do projeto emancipatório, há um fato que merece registro. É que a lei exigia como requisito a existência de um mínimo de 200 casas e 1000 eleitores, para que o processo fosse aberto. Sabia-se, no entanto, que a quantidade de casas existentes na pequena urbe era insuficiente e isso podia inviabilizar o projeto e frustrar o sonho acalentado pela população. Diante do impasse, achou-se por bem lançar mão da incorporação das casas das chácaras da redondeza. Indaga-se: ilegalidade ou jeitinho brasileiro? O certo foi que, satisfeita a exigência da lei, a documentação foi entregue nas mãos do deputado João Natal para as providências cabíveis.
Consistia o processo no pedido de autorização para realizar um plebiscito, onde restaria comprovado o desejo do povo de tornar-se autônomo e escolher suas autoridades municipais, assim como cuidar da arrecadação e administração próprias.
(Do livro São Miguel do Passa Quatro – o nascimento de uma cidade, de Elson G. Oliveira)
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POR QUE A DENOMINAÇÃO SÃO MIGUEL DO PASSA QUATRO?
A Lei Estadual nº10.432/88 determina que o município criado deverá ter como sede o Distrito com o título de São Miguel do Passa Quatro.
            A pergunta que muita gente faz é com relação ao estranho nome Passa Quatro. Inclusive, o projeto inicial de emancipação trazia o nome São Miguel do Bonfim, o que até certo ponto era justificável por causa da cidade-mãe, Silvânia, antiga Bonfim. Ocorreu, porém, que o povo não quis aceitar a mudança do topônimo, motivo pelo qual, no último momento, a denominação que inicialmente constava do projeto foi substituída para dar lugar ao já popularmente conhecido São Miguel do Passa Quatro.
Não se sabe ao certo qual a origem de tal denominação. Contudo, conseguiu-se até aqui apurar que, no passado, o local era um dos itinerários (não havia caminho) para transporte de mercadorias do Porto Corumbá, na jurisdição de Santa Cruz para Vila Boa, por meio de carro de bois. Como a viagem era longa, os carreiros preferiam fazer o trajeto sempre em grupo constituído de vários carros de bois, pelo princípio da solidariedade, já que aquele meio de transporte oferecia altas dificuldades para o carreiro, como quebra de canzil, de canga, apodrecimento das correias, acidente com os próprios bois etc. Numa dessas viagens, nem todos os carros de bois puderam atravessar o ribeirão sem nome por causa de uma enchente de altas proporções. Apenas quatro conseguiram a travessia.
            Esse acontecimento ficou como referência. Toda vez que alguém se referia ao fato, ou àquele local, ou ainda ao ribeirão, dizia: “É lá onde passaram quatro”. Com o uso, a expressão foi-se degenerando para “passaro quatro”, “passou quatro” e finalmente “passa quatro”, que passou a ser o nome do rio: Rio Passa Quatro.
            Mais tarde, foi criada a povoação em louvor a São Miguel Arcanjo. Com o passar do tempo, o nome do povoado passou a ser mencionado não como São Miguel Arcanjo, mas como São Miguel do Passa Quatro, por causa do Rio Passa Quatro, que passa nas proximidades.        
(Do livro São Miguel do Passa Quatro – o nascimento de uma cidade, de Elson G. Oliveira)

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